Grupo de Pesquisa e Extensão Déjà vu: Artes, Sonhos e Imagens

I - Histórico do Déjà vu

Assim que retornou do programa de Pós-Graduação em Linguística e do Estágio de 06 meses na Université Paris Ouest Nanterre La Défense, o professor Gilvan de Melo Santos criou, em Outubro de 2009 o Grupo de Pesquisa e Extensão em saúde mental Déjà vu – Artes, Sonhos e Imagens, que nasceu sob a intenção de integrar pesquisadores (as) e psicólogos (as) que se utilizam de técnicas projetivas, produções artísticas e instrumentos de investigação onírica, no intuito de cartografar e psicodiagnosticar níveis da saúde mental dos sujeitos. Tem como objetivo geral realizar projetos de pesquisa e extensão dentro do universo da psicologia e suas relações com as artes, sonhos e imagens oriundas de técnicas projetivas, produções artísticas e oníricas, no aspecto restrito das linguagens simbólicas que manifestam, no plano individual, o auto-retrato psíquico, incluindo materiais reprimidos no inconsciente pessoal: energias instintivas e criativas, desejos, doenças e estados de equilíbrio do self ou dimensões saudáveis da psique humana; e do ponto de vista social, imagens arquetípicas oriundas do inconsciente coletivo, vozes e performances das personagens, além de estratégias mnemônicas e psicoterapêuticas que se apresentam em tais produções e práticas.


II - Participantes do Déjà vu

Além do professor Gilvan de Melo Santos, atualmente participam do grupo os seguintes professores: Prof. Dr. Edmundo de Oliveira Gaudêncio (UEPB/UFCG/FCM), Profa. Dra. Maria Goretti Ribeiro (UEPB), Profa. Dra. Maria Claurênia Abreu de Andrade Silveira (UFPB), Profa. Ms. Marinalva da Silva Mota e Profa. Lorena Bandeira da Silva, na condição de profissional de psicologia. Participam ainda 04 alunos do curso de psicologia.


III – Linhas de Pesquisa do Déjà vu
O grupo conta atualmente com 03 linhas de pesquisa: Imaginários das artes; Imaginários das produções oníricas e projetivas; Imaginários, ludicidade e saúde mental.


IV – Produções do Déjà vu

No curso de psicologia, o grupo Déjà vu – Artes, Sonhos e Imagens tem se destacado pela promoção de eventos, participação em encontros científicos e programas de incentivo à pesquisa e extensão. Em 03 anos e 08 meses de existência, aprovou 04 projetos no Programa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq/UEPB), 01 no Programa de Incentivo à Pós-Graduação e Pesquisa (PROPESQ/UEPB), 03 no Programa de Bolsas de Extensão (PROBEX/UEPB) e 01 no Programa de Extensão Universitária (PROEXT – MEC/SESu/DIFES), orientando 36 alunos de psicologia e captando para o referido curso, até então, 05 bolsas de pesquisa e 10 bolsas de extensão. Além de estimular a participação destes alunos em eventos Internacionais, nacionais, regionais e locais, o grupo promoveu, em 02 de junho de 2010 a palestra intitulada “Casos Clínicos à luz da teoria Junguiana”, proferida pelo Prof. Dr. Carlos Alberto Bernardi (PUC–RJ), e de março a setembro de 2011, o curso “Arquitetura do sono e imaginários dos sonhos”, ministrado pelo Prof. Dr. Gilvan de Melo Santos, pela Dra. Valéria Brandão Marquis (UFCG) e pelo Prof. Dr. Edmundo de Oliveira Gaudêncio.


4.1 - Atividades de Pesquisa

4.1.1 - No projeto do PIBIC, cota 2009/2010 (orientandas: Lucélia de Almeida Andrade - Bolsista, Ianny Felinto Medeiros, Inácia Hosana Feitosa e Roberta Magna Silva Siqueira), foi realizada a pesquisa sob o título “Memórias do holocausto: a psicoterapia através do cinema”, cujo objetivo foi analisar as estratégias mnemônicas, desaguando em alguns dos seus elementos: simbólicos, discursivos e psicológicos, que por ora atuam em filmes que retratam lembranças, recordações e esquecimentos acerca do holocausto. Buscou também identificar o filme como instrumento psicoterapêutico capaz de ressignificar ou curar traumas psicológicos, quando assimilada por um suposto espectador. Os filmes - A lista de Schindler (1993) e A vida é bela (1997) foram analisados à luz da antropologia do imaginário, proposta pelo francês Gilbert Durand, da psicologia analítica de Carl Jung e da psicologia humanista-existencial de Viktor Frankl.  Entre outros resultados, concluímos que o filme é psicoterápico por provocar sentimentos e/ou dinâmicas de comportamento, através do processo de identificação entre personagens e espectadores, bem como através da representação do herói na tela, que, estendendo o plano performático representado nas referidas obras cinematográficas, ressignificam arquétipos e imagens arquetípicas, capazes de dinamizar a psique de quem as assiste. Em ambos os filmes estudados, há que destacar a relação entre o herói e a tríade trágica: sofrimento, culpa e morte. No filme A Lista de Scindler as estruturas antropológicas recorrentes são a esquizomórfica ou heróica e a sintética ou dramática, onde na primeira o herói enfrenta a tríade trágica, e na segunda ele a transcende, tal como a alegórica caminhada final de judeus libertados por Schindler. Em relação ao filme A Vida é Bela pôde-se perceber a estrutura antifrásica ou mística, onde o herói assimila a tríade trágica, brincando ou jogando com o drama do holocausto.


4.1.2 - No projeto do PIBIC, cota 2010/2011 (orientandas: Inácia Hosana Feitosa - bolsista; Mayara Cristina de Araújo Dantas e Najara Mirella Cordeiro do Nascimento), intitulado “Sonhos de sujeitos cegos: Estudos de caso à luz da logoterapia de Viktor Emil Frankl” o objetivo foi analisar a linguagem simbólica apresentada em sonhos de sujeitos cegos, a partir dos símbolos, sentimentos e atitudes, tanto representados na diegese onírica quanto nos relatos desses sujeitos. A pesquisa foi do tipo exploratória. Quanto à composição da amostra foram pré-selecionados 39 sujeitos, e destes foram escolhidos 13 para análise. A unidade de análise referiu-se a episódios oníricos, uma média de 130 produções. O campo de investigação foi o Instituto de Educação e Assistência aos Cegos do Nordeste. Sobre os procedimentos de análise foram elencadas informações sociodemográficas, coletadas com a utilização do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). Em relação à simbologia, comprovou-se a existência de símbolos concernentes à vida cotidiana e imaginária dos sonhadores, tais como: nuvens, avião, água, carro, bicicleta, imagens de santos, igreja, bois, livro, precipícios, pedras pontiagudas, animais surreais, águia e jogo. No que diz respeito aos sentimentos, constatou-se que a angústia, manifestação primária da condição humana, acompanha-os até mesmo em seus processos oníricos, também a tranquilidade aparece como sobressalto da consciência frente às suas dificuldades. No que tange às atitudes, estas também podem ser livremente realizadas durante os sonhos, o que confirma a liberdade de escolha e responsabilidade perante o destino dos sonhadores.

4.1.3 - No projeto do PROPESQ, cota 2011/2013, extensivo a 02 cotas de PIBIC – 2011/2012 (pesquisadores: professores Gilvan de Melo Santos, Edmundo de Oliveira Gaudêncio e Valéria Brandão Marquis / orientandos: Deyse Cristina Diniz dos Santos - bolsista; Cristiane Brasilino Soares – bolsista, Vitória Emanuela Lima Nunes – Bolsista, Aurylândia Tertuliano, Renale Ruana Pessoa Ramos, Hayla Hayane Cunha Cavalcanti de Souza, Ysabel Cristina Dutra Serafim Soares, Jonathan Araújo Guimarães, Fernanda Almeida Vitorino Martins), intitulado “Da arquitetura do sono ao imaginário dos sonhos: Um estudo sobre a apneia, depressão e ansiedade”,  ainda em andamento, tem como objetivo identificar, no imaginário onírico dos sujeitos, indícios relacionados às seguintes causas dos distúrbios do sono: apneia, depressão e ansiedade, buscando analisar correlações entre a arquitetura do sono e produções discursivas e pictóricas destes sujeitos, bem como tentativas inconscientes de solução dos fenômenos causais apresentados. O campo de investigação foi o Laboratório do Sono, situado no Hospital João XXIII, em Campina Grande. Na primeira fase do projeto foram pesquisados sonhos de 19 sujeitos, e destes serão selecionados 08 para os estudos de caso. Na coleta de dados os instrumentos utilizados foram: questionário sócio-demográfico, entrevista semidirigida, questionário sobre distúrbios do sono, Inventário de Depressão de Beck, Escala de ansiedade de Beck e diálogo socrático. A análise deu-se a partir de uma análise qualitativa a qual terá lugar mediante o emprego de técnicas hermenêuticas, notadamente a análise de conteúdo de Laurence Bandin (1977) e o método linguístico ou filológico de Carl Jung (1996). Por meio dos exames polissonográficos verificou-se que seis voluntários apresentaram algum grau de apneia, sendo três com índice de Apneia/hipopneia levemente aumentado e três com índice de Apneia/hipopneia moderadamente aumentado. Os sujeitos com diagnóstico de apneia trouxeram dezenove relatos, dentre esses foi verificada a ocorrência de seis relatos que apresentavam relação com a apneia, distribuídos em quatro desses sujeitos. Portanto, por meio de tais dados foi possível a validação da hipótese inicial de que seria possível encontrar no relato dos episódios oníricos dos sujeitos pesquisados, indícios de afecções somáticas, recebendo destaque neste estudo a apneia. Até então a pesquisa se propôs a apresentar resultados referentes apenas à relação entre os relatos oníricos e manifestações orgânicas em sujeitos diagnosticados como apneicos, deixando para o restante do período de investigação análises referentes à relação entre tais sonhos e os sintomas psicológicos da depressão e ansiedade.


4.2 – Atividades de Extensão


4.2.1 - No projeto PROBEX, cota 2009/2010 (orientandos: Yuri Max Araújo Tavares de Farias – Bolsista, Harley Jorge de Oliveira Silva e Juliana Nery Pereira), intitulado “Minha casa, minha rua: Imaginários da saúde mental de moradores da Casa de Acolhida São Paulo da Cruz - Campina Grande-PB”, teve como objetivo geral proporcionar aos moradores da Casa de Acolhida São Paulo da Cruz a ampliação do seu nível mental saudável, através de Terapia Ocupacional, envolvendo oficinas de artes expressivas, partilhas individuais/grupais e atividades lúdicas e projetivas. Durante um ano e meio de execução desta atividade, foi visitada, semanalmente, a Casa de Acolhida São Paulo da Cruz, localizada no Centro de Campina Grande, realizando nesta oficinas de artes expressivas com 32 usuários da casa. No trabalho das oficinas utilizamos os materiais: Lápis Grafite; Borracha; Papel A4; Pincel; Tinta à base de cola, água e corante; tecido para tela de pintura, e utilizamos os métodos: dinâmicas de sensibilização e produção de desenho livre. Ao final da atividade, foi apresentado um relatório final aos responsáveis pela Instituição e voluntários que contribuem com a sua manutenção. Neste relatório foram explicitados alguns resultados: em relação às histórias de vida dos sujeitos, constatou-se a presença de motivos comuns como causas daqueles sujeitos estarem morando na Casa de Acolhida: relações familiares difíceis e conflituosas, perdas de parentes e entes queridos, perda da moradia e envolvimento no universo do alcoolismo; do ponto de vista geral, nas oficinas cada um projetava através dos desenhos algo bom ou ruim que ficou marcado como fato importante em suas vidas, ocorrendo deste modo uma espécie de catarse que se verifica mais claramente por meio dos discursos sobre seus desenhos, que claramente evocam fortes emoções devido às lembranças trazidas ao rever os desenhos.  Além da função catártica já mencionada, tais imagens e discursos configuram-se como material para uma futura intervenção terapêutica, como de fato aconteceu numa segunda versão do projeto, apresentada abaixo.
4.2.2 - No projeto PROBEX, cotas 2011/2012/2013 (Coordenadores: professores Gilvan de Melo Santos e Adriana Soares Nascimento / orientandas: Mariana Couto Assis - bolsista, Rayanne Chagas Barbosa - Bolsista, Lívia Carvalho de Souza, Jailma Tavares), intitulado “Minha casa, minha rua: Intervenções logoterápicas junto aos moradores da Casa de Acolhida São Paulo da Cruz - Campina Grande / PB”, tem-se como objetivo geral proporcionar aos moradores da Casa de Acolhida São Paulo da Cruz a ampliação do seu nível mental saudável, através de escuta psicológica e psicoterapia de base analítica existencial. Estão sendo acompanhados, em média, 20 moradores da referida casa. Todos os atendimentos estão sendo computados como atividades da Clínica–Escola de Psicologia da UEPB e inseridas nos prontuários do SUS. A escuta psicológica possibilita ao sujeito expressar queixas, dificuldades, conquistas ou outros sentimentos que porventura aparecerem durante a atividade. A psicoterapia de base analítica existencial tem como objetivo principal despertar no sujeito a sua dimensão noética (espiritual), campos de possibilidades, valores criativos, vivenciais e de atitude, bem como a liberdade para se posicionar diante do seu destino, a capacidade para responder à vida e decidir sobre os rumos de sua história. Atualmente vislumbra-se trabalhar a dimensão social dos usuário,incluindo sua inserção no trabalho e na vida familiar e social..


4.2.3 - No projeto PROEXT, cota 2010 (orientandos e bolsistas: Dália Angélica Velez Ribeiro, Harley Jorge de Oliveira Silva, Halysson Alves Bezerra, Thiago Silva Fernandes, Mayara Cristina de Araújo Dantas, Irllen Chriscyan Alexandrino Ribeiro de Melo, Renale Ruana Pessoa Ramos, Ana Cristina Ramos Costa, Felipe Zeferino Pê), com o título “Banquete Psicológico nas Escolas Públicas: O Cinema e a logoterapia dialogando sobre o sentido da vida”, teve-se como objetivo central beneficiar jovens do Ensino Médio de Escolas Públicas do Estado da Paraíba, localizadas na cidade de Campina Grande, através de debates acerca de temáticas existenciais, variando em 06 (seis) temáticas: o sentido da vida; o vazio existencial; o sentido do amor; sexualidade e valores; o sentido do trabalho; liberdade e responsabilidade. Teve como interlocutores logoterapêutas e jovens de 03 Escolas Públicas Estaduais. O público alvo beneficiado consistiu de cerca de 200 jovens do Ensino Médio, variando a idade entre 15 e 18 anos. O presente projeto utilizou-se do diálogo socrático e produções cinematográficas na provocação para um trabalho reflexivo com os referidos alunos acerca de temáticas existenciais. Os filmes trabalhados foram: Antes de Partir, Trainspotting – Sem Limites, Uma Prova de Amor, Amor e Outras Drogas, O Diabo Veste Prada, Homens de Honra. À medida que se proporcionou um ambiente de acolhimento e compreensão, os estudantes passaram a se sentir mais à vontade para discutirem questões que vão desde o sentido da própria vida, passando pelo amor, sexualidade, trabalho, a liberdade e a responsabilidade. Pode-se perceber ao longo dos debates que eles têm encontrado um espaço para se expressar, confrontar suas ideias com as ideias dos colegas e muitas vezes construir formas de pensamento em conjunto. Devido a atrasos na entrega do material permanente e de consumo, o projeto encontra-se em fase final.